Senti-me na obrigação de me sentar à frente do computador para escrever sobre o deprimente clima de guerra que ocorre no Estado de São Paulo. Os violentos ataques praticados pelo pessoal do PCC (Primeiro Comando da Capital) foram causados, segundo dizem, pela transferência de cerca de 600 presos, daquele grupo, para a penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes. Algumas pessoas diriam que não dá para descrever a dimensão dessa tragédia. Eu afirmo que dá, concordo com algumas denominações dadas por alguns jornais (“Bagdá é aqui”), e vou mais além: comparo-a ao ataque terrorista contra o WCT, em Nova York (2001). Não nas proporções de vítimas, lógico, mas pelo impacto do pânico provocado à sociedade brasileira.Cheguei a me emocionar, a ponto de até sentir vergonha de ser brasileiro. No caso do WCT também cheguei a chorar, ao assistir pela TV, mas ao vivo, ao impacto do segundo avião e a posterior queda dos prédios. Naquele dia, senti vergonha de fazer parte da raça humana. Dessa vez, por ter sido na própria Pátria, senti algo tão chocante quanto aquele. Imediatamente, pensei nos dekasseguis. Não em todos, de modo geral, mas naqueles que já optaram por se radicarem, de vez, no Japão. Como afirmei anteriormente, lamentava essa opção porque a razão não era por amor ao novo país, mas por não confiar no próprio, onde nasceram. Daí, quando acontece uma tragédia como essa, não há como não dar razão a eles. Fazer o quê, né?Se bem que, pensando bem, de repente, comecei a achar que não é bem assim, não, e que daria para se fazer algo, sim. Por isso resolvi escrever. Porque não podemos nos conformar com essa situação, porque não podemos adotar um novo país dessa maneira e porque não podemos, simplesmente, ficar morrendo de inveja de outros países que oferecem condições de dignidade e justiça social aos seus cidadãos. Devemos, pois, com muita indignação, mobilizarmo-nos para também conquistarmos essas mesmas condições para nós mesmos. Até porque, acredite, no Brasil, isso ainda é bem possível… mas, com vontade política, lógico, com muita vontade política…Mas como fazer para que isso se torne realidade? Parece difícil, porque o Brasil é um país novo, de muitas nacionalidades imigrantes (talvez seja essa a principal razão) e, em sua curta história, não há registro nenhum de que o povo tenha saído às ruas para reivindicar seus direitos cidadãos. Não tem tradição. Os “caras pintadas”, além de formados por estudantes apenas, criaram um clima para que o impeachment ocorresse.A miscigenação já é uma realidade incontestável e os descendentes, de quase todas as nacionalidades no Brasil, já vão além da terceira geração. Já são “bem brasileiros”. Então, já está na hora de se juntarem como tais e, carregando a bandeira do país (não apenas nas épocas das Copas), passarem a exigir de seus governantes aquilo que lhes é de direito. Além de mostrar-lhes, pela primeira vez, a força arrasadora de um povo unido. Todos têm como participar e contribuir. As próximas eleições estão aí, e o brasileiro precisa começar por levar esse ato mais a sério, votando em pessoas capazes e honestas. Ufanista demais? Pode até ser. Não custa sonhar que esse dia chegará.
» Por que retornar ao Brasil? : Gambare! - Editora JBC
Blogged with Flock