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Concursos públicos: estabilidade e segurança

Tiago Queiroz/AE<br />


Homem observa os jornais voltados aos concursos públicos em banca na Praça da Sé, centro de São Paulo: cada vez mais pessoas buscam vaga no funcionalismoPor nove votos a um, os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) votaram, no dia 16 de fevereiro, pela constitucionalidade da resolução do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) que proíbe o nepotismo – contratação ou favorecimento de parentes – no Judiciário brasileiro. Na prática, a decisão do STF derruba todas as liminares que ainda garantem a permanência em cargos do Judiciário de parentes de magistrados e servidores não concursados nos tribunais. Parentes aprovados em concursos não precisam temer a resolução, pois não serão afastados.Muitos que almejam estabilidade financeira e garantia de trabalho têm em vista a aprovação em um concurso público. Diante de um panorama econômico instável, pais aconselham filhos a garantir uma vaga no funcionalismo público para não enfrentarem apertos financeiros futuramente. Esbanjar bons salários, benefícios como planos de previdência complementar, clubes de lazer e planos de saúde, além de ter a segurança de não fazer parte do crescente índice brasileiro de desempregados, entretanto, não é tão simples assim. A trajetória de estudo não é fácil.Os organizadores das provas testam os conhecimentos dos candidatos de forma rígida para que possam empregar funcionários bem preparados. As provas, muitas delas com inscritos de todo o País, costumam ser super concorridas, o que favorece a proliferação de cursos preparatórios. Atualmente, milhões de pessoas investem grande parte de seu tempo dedicando-se ao estudo para esses concursos. Trabalhando paralelamente em outras áreas e estudando para as provas, alguns candidatos chegam a estudar mais de dois anos arduamente, com muitas privações e esforço, mas compensados pela tranqüilidade que a pessoa terá para o resto de sua vida.Em 1984, Leila Alves de Andrade, que hoje trabalha com planejamento de orçamentos na Petrobrás, prestou 14 concursos públicos. Foi aprovada em três, e a empresa petrolífera foi a primeira a chamá-la. Hoje ela está bastante feliz e satisfeita com a segurança que a estatal lhe oferece: “A possibilidade de crescimento e investimento no funcionário são muito grandes”. Na mesma sala de Leila, trabalha Kathia Elaine de Oliveira, estudante de administração. Ela é contratada da Petrobrás, mas quer usufruir dos benefícios e segurança dos concursados, por isso presta pela segunda vez o concurso da empresa. “É um concurso bem disputado. Estou estudando bastante para conseguir passar.”Para os dekasseguis que voltam do Japão sem emprego ou outras perspectivas, os concursos públicos podem ser uma das soluções. E para alguns cargos somente o diploma do curso médio é necessário.RequisitosNa maioria dos concursos, ser brasileiro, nato ou naturalizado, é o primeiro requisito. Além disso, é necessário estar em dia com as obrigações eleitorais, com os direitos civis e políticos e, caso o candidato seja homem, também com o serviço militar obrigatório. Ter 18 anos completos à data de admissão no concurso e apresentar certificados que comprovem escolaridade, emitidos por instituições de ensino reconhecidas pelo Ministério da Educação é igualmente importante.As provas são, na maior parte, compostas por partes objetivas, com avaliação de conhecimentos básicos (Língua Portuguesa, Informática, Matemática e Atualidades), e partes que avaliam os conhecimentos específicos. “Os itens das provas objetivas poderão avaliar habilidades que vão além de mero conhecimento memorizado, abrangendo compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação, valorizando a capacidade de raciocínio.”, conforme o mais recente Edital de Abertura de Inscrições do Banco do Brasil.A avaliação do nível de escolaridade também conta pontos. Em concursos em que o diploma superior é obrigatório, quem já tem pós-graduação, mestrado ou doutorado está à frente.DesempateEm caso de empate na nota final, as pessoas mais velhas têm vantagem. Quem tem mais de 60 anos é beneficiado pelo Estatuto do Idoso, que é o primeiro critério de desempate. Conforme o desempenho em áreas específicas da prova, o candidato fica melhor ou pior classificado. Além disso, grande parte das instituições públicas exige que os aprovados façam um exame médico, que tem caráter eliminatório.