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dentidade - A imagem dos brasileiros no Japão

“As pessoas têm de parar de ter vergonha de dizer que são brasileiras”, já vai logo dizendo Roberto Calixto, editor do livro Bem-vindos ao Paraíso Brasil. Defensor ferrenho das cores verde e amarelo, ele faz de tudo para divulgar uma imagem positiva do país natal aqui no Japão. “Mas vejo que a maioria não tem orgulho do nosso país”, lamenta ele. “O Brasil é uma potência e temos de divulgar isso.” Para os que gostam de criticar – com certeza passou pela cabeça de muitos que se o Brasil é tão bom porque não voltar para lá –, Calixto tem uma resposta. “Costumo dizer que somos aventureiros, assim como nossos avós, e foi esse espírito que nos trouxe para cá”, diz.Nas andanças pelo Japão e nos contatos com a sociedade japonesa, Calixto percebeu que a imagem do Brasil mudou. “Está bem melhor. Agora não associam mais o país somente a carnaval, Amazônia e futebol”, diz com humor. “No começo, quando os primeiros brasileiros chegaram ao Japão, muitos perguntavam se lá havia geladeira, carro. Hoje, eles sabem que o país é uma potência”, fala. “A imagem do Brasil melhorou, mas a imagem da comunidade brasileira no Japão piorou”, emenda. Isto, segundo ele, por causa da dificuldade dos brasileiros em se integrarem e também do aumento constante dos índices de criminalidade.Fábio Nakamura, 26, de Higashi Matsuyama (Saitama) acredita que entre os japoneses ainda existe um certo preconceito em relação aos estrangeiros. “É sempre assim, algo bom nunca é levado em conta, mas uma coisa ruim sim”, justifica ao lembrar da repercussão do caso do peruano, acusado de assassinar uma garota japonesa em Hiroshima.Rosangela Matsukuma, 41, de Oizumi (Gunma), concorda. “Trouxemos a espontaneidade do povo brasileiro para cá”, afirma. Para ela, os japoneses ainda têm uma certa “desconfiança” dos estrangeiros. “Quando conhecem os brasileiros, eles percebem que nós não somos nada daquilo que imaginavam e perdem esse receio”, diz. “Acho que se respeitarmos a cultura deles, não precisaremos mudar nossa característica e iremos longe, sem divergência”, completa.O que pensam os japonesesQuando um japonês é questionado sobre os brasileiros, a primeira coisa de que lembra é a alegria típica dos que vêm dos trópicos. “Os brasileiros são muito alegres, ao contrário dos japoneses”, diz a japonesa Mami Yamada, 27, de Tokyo. O espírito de união é o que a japonesa acha mais interessante entre os brasileiros. “Eles reúnem os amigos e estão sempre juntos. Já os japoneses não”, opina. A princípio, Mami diz que teve um pouco de receio de aproximar-se dos brasileiros, pelas diferenças com a cultura japonesa. “Mas depois que conversamos e fiz amizade, vi que são ótimas pessoas e muito divertidas.” Ela conta que visita Oizumi (Gunma) praticamente todos os finais de semana para encontrar com os “amigos estrangeiros”. “Acredito que os brasileiros estão construindo uma boa imagem junto aos japoneses”, afirma.Morio Asami, 54, de Fukaya (Saitama), tem uma imagem muito parecida com a de Mami. “Gosto muito da cultura brasileira e também do samba”. Asami acredita que, ainda hoje, muitos japoneses não entendem os costumes brasileiros. “Antes o nikkei tinha a mesma cultura dos japoneses, mas hoje é diferente e os japoneses não entendem isso”, diz. “O mundo está mudando. No futuro, os japoneses irão entender melhor e terão a mente mais aberta aos estrangeiros”, completa. Professor de uma escola em Saitama, Asami faz questão de apresentar a cultura brasileira aos alunos dele. “Gostaria que eles se comunicassem com os estrangeiros e, em Oizumi, eles passarão a ter o contato com os brasileiros.”Para Yuki Nakazawa, 15, também de Fukaya, os brasileiros são pessoas boas. “Gosto muito deles”, reforça. Yuki diz que no começo, quando conheceu os brasileiros, ficou assustada com as diferenças. “Eles não entendiam bem o idioma japonês e acho que isso dificultou a comunicação no começo. Mas depois, acabei me entrosando com eles e hoje tenho vários amigos brasileiros”, conta. A receptividade é o que mais impressiona Terumi Shibawasaki, 15, de Fukaya. “Os brasileiros são pessoas muito receptivas.” Ela conta que teve contato com os brasileiros, pela primeira vez, no ano passado, por meio de um intercâmbio com uma escola brasileira de Oizumi. “Apesar de não nos entendermos bem no começo por causa do idioma, nos tornamos amigos.”