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Dekassegui tenta a vida no Japão

Muitos piracicabanos fizeram o caminho inverso de seus descendentes e imigraram de volta ao Japão em busca de melhores oportunidades. A Associação Nipo-Brasileira não tem número de quantos foram ou estão atualmente na terra do Sol Nascente, mas segundo dados da Associação Brasileira de Dekasseguis (ABD), são mais de 275 mil brasileiros trabalhando em empresas japonesas.A comerciante Kássia Kawai trabalhou no Japão por dois anos e três meses como instrutora em campo de golf. O ofício garantia um salário mensal de cerca de US$ 2.000 (cerca de R$ 4.500). O trabalho era árduo –– ela chegou a trabalhar 16 horas em um único dia –– mas tinha suas compensações. Nos dias de folga, ela aproveitou para viajar pelo país. “Foi uma experiência muito boa, mas o que foi decisivo para eu voltar foi a distância da minha família”, disse.Kássia afirmou ter feito muitos amigos durante sua passagem pelo Japão. “Em um primeiro momento, os japoneses são muito receosos com quem é de fora. Depois, com o tempo, eles se abrem e passam a ser ótimos amigos”, disse. A comerciante não falava nada de japonês quando mudou-se e afirmou que sua estada foi suficiente para pegar uma boa fluência. Apesar de ter gostado da experiência, ela afirma que não repetiria a dose. “Só volto ao Japão a passeio”.O comerciante Edson Takaki mudou-se para o Japão com um só objetivo: reestruturar suas finanças. Ele e a esposa Márcia moraram no Japão durante cinco anos e nove meses. Os dois trabalharam como operários em três fábricas: duas do setor automotivo e uma de celular. Takaki explicou que a legislação trabalhista japonesa é muito diferente. “Lá não tem férias, muito menos 13º salário e os feriados são raros”, disse.Filho único, Takaki afirmou que precisava se comunicar com os pais pelo menos uma vez por semana. “Se eu não ouvisse a voz dos meus pais, eu não conseguia trabalhar direito. Esse era o meu estímulo para trabalhar bem durante a semana”, disse.Takaki ficou impressionado com a organização do trânsito no Japão. “Lá é só o pedestre levantar a mão que os carros param para que ele passe”, disse. Mas afirmou não sentir saudades dos serviços de saúde. “Fiz um procedimento de canal lá e quando voltei tive que refazer; o pior é que ainda é um serviço bem caro”, disse.Questionado se ele encararia a “aventura” novamente, ele é categórico: “Se eu precisar, arrumo as malas e vou”, disse.