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O geta e o zôri

Ao longo dos séculos, essas sandálias típicas acompanham os japoneses em seus trajes tradicionais

Geta, ou ashida: de madeira e plataformas, mais usado pelos homens

Zôri trabalhado: para as ocasiões formais

Hanao (tiras): as tiras podem ser trocadas facilmente e estão disponíveis em lojas especializadas

Tatami zôri: é o mais popular para o dia-a-dia

(Texto: Daniela Karasawa/NB | Fotos: Reuters)

O Japão possui seus trajes típicos de inúmeras composições e padronagens e, hoje em dia, facilidades variadas. Para acompanhar essas roupas, os pés não poderiam ficar sem uma proteção para uma viagem ou para ocasiões especiais. Por isso, o geta e o zôri são tão populares na vestimenta japonesa e até no dia-a-dia do Japão.

O comprimento do quimono é ajustado para ter caimento no tornozelo, mostrando as meias e as sandálias tipicamente japonesas. Essas sandálias possuem uma grande variedade de cores e estilos, sendo o vermelho para as mulheres e o preto para os homens, os mais populares. Os fabricantes japoneses atuais fazem sandálias japonesas, bolsas e pentes para cabelos combinando com a padronagem do quimono, constituindo complementos e formando conjuntos.

O geta é um estilo de sandália japonesa tradicional, com sola de madeira lisa, hanao (tira) entre os dedos em “V”, e o solado fica sobre uma ou duas plataformas de madeira. Essas plataformas são chamadas de ha (dente), e a sola da sandália normalmente é retangular, com as tiras centralizadas. Assim, as sandálias são idênticas, não importando o lado dos pés. As tiras de alguns modelos cobrem os dedos, para protegê-los. Utilizado no dia-a-dia, tem cerca de 5 cm de altura e é chamado, às vezes, de ashida, ou de sandálias para a chuva, mais comumente usadas pelos homens. Os mais altos são utilizados, por exemplo, por sushimen, para manterem seus pés longe do contato com possíveis restos de peixes que caiam no chão ao preparar o sushi.

Os senryô geta receberam esse nome por causa da plataforma da frente, que é reclinada, e por senryô significar ocupação. Foram muito populares na época da Guerra Russo-Japonesa (1904–1905), transformando-se em um ícone num momento de grande patriotismo. Pode ser chamado também de geta da fortuna, pois a palavra senryô pode ser interpretada como mil ryô – ryô é a antiga unidade japonesa para moeda corrente. Em valores atuais, mil ryô valeriam cerca de US$ 100 mil.

Talvez o mais estranho de todos seja o tengu geta ou ippon-ba geta (de uma plataforma). Essas sandálias são vistas em ilustrações com a figura mítica Tengu, de longo nariz. Esse personagem é conhecido por usar um geta muito alto e freqüentemente com apenas uma plataforma. Embora o Tengu seja uma figura mitológica, o calçado é fabricado e vendido para homens do interior e monges até hoje. É ideal para andar em terremos lamacentos, pois, com apenas uma plataforma, ele não acumula lama embaixo do solado.

O geta de madeira tem a parte frontal ligeiramente menor, dando leveza ao caminhar, mas conseguir andar com essas sandálias não é uma tarefa fácil para algumas pessoas. O geta envernizado é o mais popular e é usado em ocasiões formais com o quimonos. Já as tiras são de tecido ou material flexível e podem ter inúmeras cores.

Karankoron é a onomatopéia para o som do geta ao andar. O som é importante no Japão, e ele invoca sentimentos especiais em diferentes pessoas.

Sem o som, não é possível pensar em um geta. Para muitos japoneses, o som do calçado é algo que faz parte da sua vida cotidiana.

O geta foi usado como um calçado ocasional na Era Heian (794-1185) pelos nobres ao saírem, pois eles deveriam ficar mais altos para manter seus quimonos longe da terra. O envernizado era usado geralmente no verão, para bloquear o suor e não danificar a madeira.

Zôri
As sandálias zôri possuem solado plano e não têm plataformas. São de palha e de madeira envernizada, que podem ser usadas tanto por homens quanto por mulheres.

O calçado feito de palha é considerado o mais popular no dia-a-dia. É chamado de tatami zôri (zôri de palha) – sua superfície é feita de palha entrelaçada como nos conhecidos tatames das casas japonesas.

O zôri trabalhado é usado em ocasiões formais com o quimono. Essas sandálias com vinil são menos formais e são mais populares para o uso com o yukata (quimono leve) de verão.

Há ainda a confecção com detalhes brilhantes. Ao contrário do geta, o zôri possui uma parte acolchoada na região do calcanhar.Para os homens, as sandálias são mais quadradas e, para as mulheres, mais arredondadas.