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Escola brasileira é cara?

Escola brasileira é cara?

Os pais de alunos das escolas brasileiras sempre reclamam da “mensalidade cara, que pesa demais nas despesas da família”. Eles ainda precisam desembolsar uma certa quantia para a alimentação, o transporte, o uniforme e o material didático dos filhos. A soma pode chegar a ¥ 80 mil por mês.

Antônio Barreto, 43, de Ogaki (Gifu), tem dois filhos: Letícia, 13, e Igor, 9. Com a escola, gasta cerca de ¥ 80 mil por mês, sem contar o uniforme e as apostilas. “É uma despesa que dificulta a vida do trabalhador. É muito alta e sei que muitos não conseguem pagar. Eles afirmam que o custo da escola também é alto, mas será que não é possível baixar a mensalidade?”, questionou.

Essa é a mesma dúvida de Yumi Sakamoto, 35, de Hekinan (Aichi), que também tem duas filhas, Beatriz, 10, e Samantha, 7. “Quando perguntei ao diretor porque a mensalidade é tão cara, ele respondeu que é por causa do salários dos funcionários, principalmente professores. Mas sei que o corpo docente também é uma vítima nessa história. Tenho amigas que são professoras e sei que elas não ganham um bom salário”, afirmou. O diretor do Colégio Latino de Shiga, Alexandre Batistela, em Gamo (Shiga), explica que, com as mensalidades, são pagas as despesas com impostos, contas de água e luz, salários dos funcionários e aluguel. “Já com o valor que cobramos do transporte, só consigo cobrir 60% das despesas com gasolina, impostos do carro, manutenção do veículo, seguros e outras contas. O restante sou obrigado a tirar da mensalidade”, explicou.

Ele afirmou ainda que a escola trabalha sem lucro. “Se tivéssemos lucro, estaria investindo na estrutura da escola. Gostaria de poder oferecer uma mensalidade mais barata, mas, para isso, o governo japonês teria que nos ajudar, pelo menos, com o transporte”, disse Batistela.

O diretor da Escola São Paulo, Paulo Galvão, de Anjo (Aichi), explica que a mensalidade é calculada de acordo com o número de alunos e as despesas da escola. “Mesmo assim, deixo de colocar nas despesas vários pagamentos, como, por exemplo, o aluguel do centro esportivo [¥ 70 mil], imposto e seguro do veículo, seguro contra incêndio e terremoto, entre várias outras coisas”, afirmou.

De acordo com Galvão, a principal despesa fica por conta do pagamento dos funcionários. “Em seguida, vem o transporte. O custo é muito alto, mas sabemos que, sem o transporte, os pais não teriam condições de mandar o aluno para a escola e a situação de evasão escolar seria pior. Por isso, os pais não podem ver a alimentação e o transporte como valor da mensalidade. São custos adicionais, mas necessários”, garantiu.

O diretor da rede Pitágoras no Japão, Pedro Mendes, afirma que só será possível reduzir o valor da mensalidade, se houver uma ajuda externa. “Temos também as despesas com seguro desemprego, shakai hoken, aluguel, impostos, já que precisamos pagar 5% ao governo japonês de tudo o que recebemos, pois não somos vistos como escola por eles”.